quinta-feira, 14 de abril de 2016

Papa Francisco prega tolerância a gays e divorciados

Papa Francisco prega tolerância a gays e divorciados em documento

Papa: “vemos a realidade da família concreta de forma diferente”. Foto: Arquivo
O papa Francisco reforçou ontem (8), em sua exortação apostólica sobre o amor na família, o discurso de que os sacerdotes devem ser mais tolerantes em relação a fiéis divorciados e homossexuais, sem romper no entanto com as posições doutrinárias da Igreja Católica. No documento que vinha sendo debatido há quase dois anos, o papa afirma que o divórcio “é um mal”.
Diz, porém, que é preciso avaliar caso a caso, já que divorciados que se casam pela segunda vez – e, pelas regras, não têm direito a comungar -”podem encontrar-se em situações muito diferentes, que não devem ser catalogadas ou encerradas em afirmações demasiado rígidas, sem espaço para um adequado discernimento pessoal e pastoral”.
O texto prega o acolhimento dos divorciados em segunda união -um aceno que o pontífice fez no passado-, “promovendo a sua participação na comunidade”.Francisco diz compreender os “que preferem uma pastoral mais rígida”. “Mas creio sinceramente que Jesus Cristo quer uma Igreja atenta ao bem que o Espírito derrama no meio da fragilidade”.
No documento de 264 páginas, Francisco afirma que “em cada país ou região é possível buscar soluções mais atentas às tradições e aos desafios locais”.Com isso, o papa mantém sua busca por conciliar a existência de setores conservadores da Igreja com demandas mais progressistas de fiéis.
O vaticanista americano Thomas Reese afirma que o papa Francisco não mudou nenhuma doutrina ou ensinamento, mas altera a prática pastoral e vem mudando a cultura da Igreja Católica. “Vemos a realidade da família concreta de forma diferente. No passado, enfatizava-se como (as pessoas) eram más por não alcançarem o ideal.” Na nova abordagem, diz Reese, o papa reforça o que há de positivo – como o amor e o compromisso – nas situações imperfeitas e reais do cotidiano das famílias.
Segundo dom João Bosco, presidente da comissão episcopal da CNBB para a vida e família, o papa volta atenção para palavras como “acolher, e compreender”. “Nesse sentido, há esperança não só para os que vivem uma segunda união, mas todas aquelas que a Igreja chama de ‘irregulares’, em que há tantas pessoas feridas.”
Orientação sexual
No texto, o papa volta a defender o respeito independentemente da “orientação sexual”. Durante os dois sínodos em que o documento foi discutido, o papa disse ter conversado com padres sobre a experiência de famílias com “pessoas com tendência homossexual”, “experiência que não é fácil nem para os pais nem para os filhos”.
Francisco, porém, não dá margem para interpretações sobre a oposição da Igreja à união gay. “As uniões de fato ou entre pessoas do mesmo sexo, por exemplo, não podem ser simplistamente equiparadas ao matrimônio.”
No texto, Francisco reitera a posição da Igreja contra o aborto. Não expõe uma proibição expressa a métodos contraceptivos, mas deixa isso implícito ao falar da educação sexual para crianças, especialmente sobre o foco no “sexo seguro”: “Estas expressões transmitem uma atitude negativa a respeito da finalidade procriadora natural da sexualidade, como se um possível filho fosse um inimigo de que é preciso proteger-se”.
Editoria: Mundo Tags: 

Nenhum comentário:

Postar um comentário