quarta-feira, 10 de junho de 2015

NOTA da CNBB: “IDEOLOGIA DE GÊNERO”

CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL
REGIONAL OESTE II
NOTA
“IDEOLOGIA DE GÊNERO”

O Regional Oeste II da CNBB, reunido no CRP (Conselho Regional de Pastoral), entre outras questões pastorais, abordou a questão da ‘Ideologia de Gênero’, para a qual a presidência se propôs emitir esta nota dirigida a todo o Mato Grosso.
A inserção da Política de Gênero está em andamento em todos os municípios do Brasil: – O Plano Nacional de Educação (PNE), sancionado no ano passado (Lei 13.005, de 25 de junho de 2014), prevê metas da educação básica até a pós-graduação para serem atingidas nos próximos dez anos. A lei estipula que os estados e os municípios elaborem os próprios planos para que as metas sejam monitoradas e cumpridas localmente. Foi determinado o prazo de até 24 de junho de 2015 para que os planos sejam aprovados.
O PNE previa, originalmente, acrescentar nas escolas o ensino da ideologia de gênero, porém foi sancionado sem tal ideologia.
A ideologia de gênero afirma que o homem e a mulher não diferem pelo sexo, mas pelo gênero, e que este não possui base biológica, sendo apenas uma construção socialmente imposta ao ser humano, através da família, da educação e da sociedade. Afirma ainda que o gênero, em vez de ser imposto, deveria ser livremente escolhido e facilmente modificado pelo próprio ser humano. Ou seja, que ao contrário do que costumamos pensar, as pessoas não nascem homens ou mulheres, mas são elas próprias condicionadas a identificarem-se como homens, como mulheres, ou como um ou mais dos diversos gêneros que podem ser criados pelo indivíduo ou pela sociedade. Deveria ser considerado normal passar de um gênero a outro e o ser humano deveria ser educado, portanto, para ser capaz de fazê-lo com facilidade, libertando-se da prisão em que o antiquado conceito de sexo o havia colocado. Para facilitar o ativismo em favor do gênero, a Conferência de Yogiakarta, realizada em 2006 na Indonésia, consagrou os termos ‘identidade de gênero’ e ‘orientação sexual’.
O Papa Francisco já alertou que a ‘ideologia de gênero é contrária ao plano de Deus, que é um erro da mente humana que provoca muita confusão e ataca a família’. O papa lamentou a prática ocidental de impor essa agenda, essa colonização ideológica, comparando-a à propaganda nazista.
O Cardeal Dom Orani Tempesta afirma que, se implantada esta terminologia gênero, “quem se julgar livre para defender os valores naturais e cristãos pode ser duramente perseguido, moral e fisicamente, como já se faz, ainda que um tanto veladamente, em não poucos países”. Pais alemães já foram não somente perseguidos, mas presos porque em seu país a ideologia de gênero foi aprovada nas escolas.
No Brasil, tramitam nos municípios e estados os planos de educação que, entre as metas propostas, inserem a ideologia de gênero com firme propósito de estabelecer uma mudança na educação de nossos filhos, pois o Conselho Nacional de Educação divulgou em novembro de 2014 o Documento Final da IIª Conferência Nacional de Educação, pelo qual o Ministério da Educação simplesmente ignora as determinações do Congresso e reescreve as diretrizes da educação brasileira exatamente segundo a redação que havia sido rejeitada pelos parlamentares. A ideologia de gênero é uma fraude reapresentada como se tivesse sido aprovada pelo Plano Nacional de Educação como meta obrigatória para todos os municípios do Brasil. Por isso, todos os Estados e Municípios, que são obrigados, pela Lei 13.005 de 25 de junho de 2014, a apresentarem seus “Planos Estaduais” e seus “Planos Municipais de Educação”, se não reagirem, estarão neles incluindo, novamente, a “Ideologia de Gênero”.
No dia 02/02/2015, o Ministério de Educação (MEC) lançou nota reiterando a data limite de 24/06/2015 para que estados e municípios elaborem metas e estratégias para a educação local para os próximos 10 anos na forma de planos de educação. A nota menciona o cumprimento do prazo como condição para recebimento de recursos da União via Plano de Ações Articuladas (PAR) – responsável por grande parte dos repasses do governo federal na área.
Convidamos todos para que se envolvam e se manifestem junto à câmara de vereadores de sua cidade no intuito de não deixar que tal ideologia não se propague em nosso país com suas desastrosas, e até mesmo impensáveis consequências.
Para ajudar, além dos panfletos disponíveis a respeito, citamos alguns pronunciamentos emitidos pela Igreja Católica:
  1. Audiência do Papa Bento XVI com a Cúria Romana. Cidade do Vaticano, 21 dezembro 2012.
  2. A propósito da ideologia do gênero. Carta Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa.
  3. A ideologia do gênero: seus perigos e alcances. Conf. Episcopal Peruana.
  4. Reflexões sobre a “ideologia de gênero”. Cardeal Orani João Tempesta, Arcebispo da Arquidiocese de S. Sebastião do Rio de Janeiro.
Contamos com seu empenho junto aos vereadores de sua cidade e aos deputados do estado para que a ‘ideologia de gênero’ não seja engolida pelo povo.
Que a Sagrada Família vele por nossas famílias!
 Dom Neri José Tondello, presidente da CNBB – Regional Oeste II

segunda-feira, 8 de junho de 2015

RESPOSTA DO PADRE ZEZINHO A UM EVANGÉLICO

CARTA DO PADRE ZEZINHO EM RESPOSTA A UM EVANGÉLICO MAL INFORMADO.

"Maria não pode nada.
Menos ainda as imagens dela que vocês adoram.
Sua Igreja continua idólatra.
Já fui católico e hoje sou feliz porque só creio em Jesus.
Você, com suas canções é o maior propagador da idolatria Mariana.
Converta-se enquanto é tempo, senão você vai para o inferno com suas canções idólatras..."
Paulo Souza, São Paulo - SP.

RESPOSTA ENVIADA PELO PADRE ZEZINHO

Paulo.
Paz no Cristo que você acha que achou!
Sua carta chega a ser cruel.
Em quatro páginas você consegue mostrar o que um verdadeiro evangélico não deve ser.
Seus irmãos mais instruídos na fé sentiriam vergonha de ler o que você disse em sua carta contra nós católicos e contra Maria.
O irônico de tudo isso é que enquanto você vai para lá agredindo a Mãe de Jesus e diminuindo o papel dela no cristianismo, um número enorme de evangélicos fala dela, hoje, com o maior carinho e começa a compreender a devoção dos católicos por ela.
Você pegou o bonde atrasado e na hora errada e deve ter ouvido pastores errados, porque, entre os evangélicos, tanto como entre nós católicos, Maria é vista como a primeira cristã e a figura mais expressiva da evangelização depois de Jesus.
Eles sabem da presença firme e fiel de Maria ao lado do Filho Divino.
Evangélico hoje, meu caro, é alguém que pautou sua vida pelos evangelhos e por isso respeita os outros e não nega Maria.
Pode haver diferenças, mas para ser um bom evangélico não é preciso agredir nem os católicos nem a Mãe de Jesus.
Você é muito mais antimariano do que cristão ou evangélico.
Seu negócio é agredir Maria e os católicos.
Nem os bons evangélicos querem gente como você no meio deles.
Quanto ao que você afirma, que nós adoramos Maria, sinto pena de você. Enquanto católico, segundo você mesmo afirma, já não sabia quase nada de Bíblia por culpa da nossa Igreja, agora que virou evangélico parece que sabe menos ainda de Bíblia, de Jesus, de Deus e do Reino dos Céus.
Está confundindo culto de veneração com culto de adoração, está caluniando quem tem imagens de Maria em casa ao acusá-los de idólatras.
Ora, Paulo, há milhões de católicos que usam das imagens e sinais do catolicismo de maneira serena e inteligente.
Se você usava errado teria que aprender.
Ao invés disso foi para outra Igreja aprender a decidir quem vai para o céu e quem vai para o inferno.
Tornou-se juiz da fé dos outros.
Deu um salto gigantesco em seis meses, de católico tornou-se evangélico, pregador de sua Igreja e já se coloca como a quarta pessoa da Santíssima Trindade, porque está decidindo quem vai para o céu e quem vai para o inferno.
Mais uns dois anos e talvez, de lá do alto de sua sabedoria eterna, talvez dê um golpe de Estado no céu e se torne a primeira pessoa.
Então talvez, mande Deus vir avisar quem você vai pôr no céu ou no inferno.
Sua carta é pretensiosa.
Sugiro que estude mais evangelismo e, em poucos anos, estará escrevendo cartas bem mais fraternas e bem mais serenas do que esta. Desejo de todo coração que você encontre bons pastores evangélicos.
Há muitíssimos homens de Deus nas Igrejas evangélicas que ensinarão a você como ser um bom cristão e como respeitar a religião dos outros. Isso você parece que perdeu quando deixou de ser católico.
Era um direito que você tinha: procurar sua paz.
Mas parece que não a encontrou ainda, a julgar pela agressividade de suas palavras.
Quanto a Maria, nenhum problema: é excelente caminho para Jesus.
Até porque, quem está perto de Maria, nunca está longe de Jesus.
Ela nunca se afastou.
Tire isso por você mesmo.
Se você se deu ao trabalho de me escrever uma carta para me levar a Jesus, e se acha capaz disso, imagine então o poder da Mãe de Deus!
De Jesus ela entende mais do que você.
Ou, inebriado com a nova fé, você se acha mais capaz do que ela?
Se você pode sair por aí escrevendo cartas para aproximar as pessoas de Jesus, Maria pode milhões de vezes mais com sua prece de mãe.
Ela já está no céu e você ainda está por aqui apontando o dedo contra os outros e decidindo quem vai ou quem não vai para lá.
Grato por sua carta.
Mostrou-me porque devo lutar pela compreensão entre as Igrejas.
É por causa de gente como você.

(Pe. Zezinho, scj)

sábado, 6 de junho de 2015

O Papa e o Espírito Santo

Papa FranciscoFoi no dia de Pentecostes, recentemente celebrado pela Igreja, que Jesus derramou sobre os discípulos, reunidos no Cenáculo a força do Espírito Santo, a coragem e a parresia. “Todos ficaram repletos do Espírito Santo”, Atos 2,4. E iluminado por esse mesmo Espírito, hospede da alma, que o Papa Francisco em suas homilias, catequeses e formações, está sempre a motivar os fiéis a importância da presença do Espirito Santo em nossas vidas.
O Espírito Santo, diz Papa Francisco, é o Mestre interior. “ Ele nos guia para o caminho certo, através das situações da vida. Ele nos ensina a estrada, o caminho. O Espírito Santo nos ensina a segui-lo, a caminhar em suas pegadas. Mais do que um mestre de doutrina, o Espírito é um mestre de vida. ”
Em uma de suas catequeses na Praça de São Pedro, o santo padre levou os fieis a se questionarem sobre o Espírito Santo e perguntou: “Estou aberto à ação do Espírito Santo? Peço para que Ele me traga luz, faça-me mais sensível às coisas de Deus? ”. E ainda: “Quantos de vocês rezam todos os dias ao Espírito Santo?”.
Então, ensinou aos fiéis esta oração: “Espírito Santo, faça com que meu coração seja aberto à Palavra de Deus, que meu coração esteja aberto ao bem, à beleza de Deus todos os dias”. Segundo o bispo de Roma, devemos cumprir esse desejo de Jesus e orar, todos os dias, ao Espírito de Deus para que Ele nos abra o coração a Jesus.
Sem o Espírito Santo, não se pode entender a vida cristã, adverte Francisco em seus ensinamentos. Não seria uma vida cristã, “seria uma vida religiosa, pagã, piedosa, que crê em Deus, mas sem a vitalidade que Jesus quer para seus discípulos. E o que dá a vitalidade é a presença do Espírito Santo em nós”.
Por isso, destaca, “um cristão e uma comunidade ‘surdos’ à voz do Espírito Santo, que impulsiona a levar o Evangelho aos extremos confins da terra e da sociedade, torna-se um cristão e uma comunidade de “mudos” que não falam e não evangelizam”.
E para animar a comunidade cristã o Papa cita as palavras de São João XXIII: é precisamente o Espírito Santo quem ‘atualiza’ a Igreja: verdadeiramente, precisamente a atualiza e a faz ir adiante. E nós, cristãos, continua a ensinar “ temos que pedir ao Senhor a graça da docilidade ao Espírito Santo. A docilidade a este Espírito que nos fala no coração, que nos fala nas circunstâncias da vida, que nos fala na vida eclesial, nas comunidades cristãs, que nos fala sempre”.
Terceira Pessoa da Trindade
A propósito da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, confessamos, no Credo:  “Senhor que dá a vida”. O Espírito Santo é “Senhor” quer dizer que é verdadeiramente Deus como o Pai e o Filho; e Ele “dá a vida”, ou seja, é a fonte inesgotável da vida de Deus em nós. É o Espírito que “faz de nós filhos adotivos, é por Ele que clamamos: Abbá, ó Pai!”.
Os dons
O Catecismo da Igreja Católica nos ensina que dons do Espírito Santo são sete: sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus.
Desde o nosso batismo, o Espírito Santo habita em nossa alma e produz aí os seus frutos e dons para nos conduzir ao amor de Deus e ao serviço dos irmãos. Eles nos ajudam a vencer o pecado e viver de acordo com as leis morais. Eles são indispensáveis à santificação do cristão mesmo na vida cotidiana, e não apenas para as grandes obras.
Ângela Barroso

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Demora no funcionamento de nova maternidade prejudica Hospital da Mulher



Saúde pública materno-infantil

Enquanto a maternidade da zona norte passa por readequações, o hospital da mulher mãe luzia sofre com superlotação
Por Cindy Medeiros
Com a obra aparentemente pronta, a Maternidade de Risco Habitual localizada na zona norte de Macapá, ainda não foi inaugurada. Lançada em 2013, a construção da maternidade a princípio foi destinada apenas para mães sem riscos de gravidez, com capacidade para 20 leitos, 8 consultórios e berçário. Porém a obra teve que passar por reformas para atingir outros serviços, além de prestar auxílios apenas para mulheres sem complicações na hora de ter o bebê. Mas conforme os dias passam, mais a dificuldade de prestar um atendimento eficaz cresce no Hospital da Mulher Mãe Luzia, até então a única maternidade ativa da capital. Diariamente, médicos e enfermeiros precisam dar conta do enorme número de casos que aparecem no hospital.
Segundo o Ministério da Saúde, é preciso ampliar o número de leitos obstétricos de acordo com a necessidade da população de uma região. O que não aconteceu com a Maternidade Mãe Luzia, existente desde 1953, que não acompanhou o crescimento demográfico da cidade. Além disso, não há como humanizar as instalações presentes no ambiente que futuramente ainda irá passar por uma ampliação. De acordo com a diretora da instituição, Nirce Carvalho, é muito importante o funcionamento da nova maternidade de Risco Habitual devido ao número de habitantes que tem em Macapá. “Nós somos a única maternidade de referência de Macapá; precisaria de pelo menos 500 leitos para atingir a demanda”, ressalta.
Para a autônoma Nilva Maria Ramos, de 36 anos, foi uma dificuldade imensa conseguir o nascimento de seu bebê. Com uma gravidez de risco, e depois de três tentativas ao ir à maternidade, a amapaense teve que realizar todo o trabalho de parto em uma cadeira de rodas, devido não haver mais lugar para o possível parto. “Me mandaram sempre embora, mas quando foi a última vez não aguentei chegar na sala de parto e acabei tendo na cadeira de rodas”, relata a mãe da pequena Valentina.
Já a cidadã amapaense Márcia Silva, de 41 anos, o caso foi diferente. Mas o problema não deixa de ser o mesmo. Depois de ter descoberto em uma consulta da perda de seu bebê, Márcia precisou fazer a devida curetagem. Porém, teve que esperar duas noites dividindo uma maca com outra mulher que estava também no aguardo de atendimento, sendo raramente examinada e medicada.
De acordo com a diretoria geral da maternidade Mãe Luzia, há apenas 142 leitos distribuídos nos setores de obstetrícia, ginecologia, berçário e tratamento. Com o impedimento de atender toda a demanda que se encontra na organização, a nova instituição com um número de leitos maior precisaria equilibrar a superlotação que existe no Hospital da Mulher. Mas enquanto há a paralisação do funcionamento da maternidade, o hospital mãe luzia precisa lhe dar com as dificuldades que existem no atendimento à paciente. “A maternidade de risco habitual foi destinada para pacientes de parto normal, mas mesmo sendo normal de uma hora para outra ele pode modificar em cirúrgico. É por isso que a maternidade da zona norte ainda não foi inaugurada, devido a construção de um centro cirúrgico”, ressalta a diretora Nirce Carvalho.
Importância da nova maternidade para Rede Cegonha
A Rede Cegonha é um programa nacional que visa realizar uma organização da assistência ao parto e ao nascimento, ela prevê que atue em 4 componentes básicos: qualificação do pré-natal; parto nascimento; puerpério e apoio sanitário e regulação de leitos. Essa estratégia tem como objetivo a importância da saúde materno-infantil. Para os integrantes do programa, é imprescindível a presença da nova Maternidade na cidade, pois é necessário ter o devido cuidado com a saúde da mulher grávida e adiante um nascimento e crescimento saudável à criança.   
Segundo o especialista enfermeiro obstetra e integrante da Rede Cegonha, Ronaldo Sarges, com a nova instituição à capital se espera não só um atendimento eficiente à mulher, mas ao recém-nascido e também ao seu acompanhante. “É necessário ainda ter mais maternidades em pontos estratégicos da cidade. A maternidade da zona norte irá amenizar o problema mas não solucionará a demanda que nós temos”, acrescenta.
“Como diz o médico francês Michel Odent, para mudar o mundo é preciso mudar o jeito de nascer. Qualificar e ampliar a assistência pré-natal, humanizar o auxílio ao parto, garantindo boas práticas baseado em evidências científicas, a presença da família em uma ambiência adequada ao parto”, finaliza Ronaldo.


sexta-feira, 1 de maio de 2015

Lava-jatos e poluição dos lençóis freáticos: uma questão de saúde pública




A falta de saneamento básico na cidade Macapá é responsável pela poluição dos lençóis freáticos e oferece perigo à saúde da população
A questão dos estabelecimentos de lavagem de carros vai muito além do desperdício abundante de água. Em uma lavagem de carros, além de lama, retiram-se graxa, gasolina, sabão e óleos oriundos de possíveis vazamentos ou de restos desses materiais que se aderem ao veículo, ao longo do tempo de uso.
Em ruas pavimentadas, a água com esses resíduos químicos escorre diretamente para o rio, áreas de ressacas, canais ou lagos, pois o asfalto é impermeabilizante, não permitindo o contato direto da mesma com o solo e, consequentemente, não ocorrendo absorção e infiltração da água. Já em vias não pavimentadas, logo que os resíduos chegam ao chão de terra, eles são absorvidos e começam a infiltrar.
O que chama atenção nessa problemática é um elemento químico proveniente da gasolina que é altamente cancerígeno, o chumbo; elemento que, provavelmente pode ser encontrado nas águas subterrâneas contaminadas da cidade. O Prof. Dr. Geólogo da Universidade Federal do Amapá, Valter Gama de Avelar, ressalta que “essa água contaminada dos lençóis freáticos chega às casas da população através dos poços amazonas - poços rasos de 5 ou 6 metros que retiram água da primeira camada do lençol”.
Segundo Valter Avelar, para solucionar o problema, “primeiramente nós temos que ter coleta seletiva, principalmente dos resíduos sólidos; e rede de esgoto, para que pelo menos, 50% dessa água seja levado para uma estação de tratamento”.
Portanto, como na cidade não tem rede de esgoto e coleta de resíduos sólidos para toda a população, entende-se que grande parte dos lava-jatos está poluindo de alguma forma os lençóis freáticos e como também não tem uma rede de abastecimento de água de qualidade e que chegue para toda a cidade, as pessoas se veem obrigadas a cavar poços em suas residências – muitos deles são poços amazonas, pois o custo é menor.

Taemã Oliveira de Lima, em 27 de março de 2015.
Para a Rádio São José FM de Macapá.





quinta-feira, 30 de abril de 2015

Que grilo é esse?




Rafa Bittencourt e Lorhama Barbosa

Usando-se de uma caixa de ferro ou madeira, alguns grilos e um documento de posse de terra fraudado, após algumas semanas, com a ação dos dejetos dos grilos e também do consumo que os mesmos faziam do papel, era possível produzir um documento amarelado e corroído falsamente pelo tempo. Era desta maneira quase ingênua que se iniciou no século XIX a prática de falsificação de documentos de posses de terras no Brasil, conhecida como grilagem, ocasionando prejuízo para a União e também para proprietários que tiveram suas terras ocupadas indevidamente.
Após a independência do país e o fim das sesmarias, houve uma proliferação de famílias possuidoras de pequenas glebas de terras que as usavam para sustento próprio e para o abastecimento de algumas cidades. Após isso houve o surgimento dos grileiros, que fraudavam os títulos de posses para expulsar os posseiros e formar, desta maneira, imensas propriedades.
A Lei de Terras surgiu em 1850 para tentar combater a prática constante de grilagem que ocorria no país, ela tratava de impedir a ocupação de áreas devolutas e determinava que a terra só poderia ser vendida pelo Governo em grandes lotes e mediante pagamento em dinheiro; certamente que este caminho adotado pelo Brasil na época foi bastante oposto se comparado ao adotado pelos Estados Unidos, que em sua Lei de Gleba de 1862 determinava a distribuição de lotes familiares com área prevista em lei que eram impostos àqueles que pudessem cultivar nestes. Isso acabou por influenciar um espírito de democratização da propriedade, o mercado interno, mecanização e o dinamismo econômico que são apreciados até hoje.
Atualmente no Brasil algo em torno de 100 milhões de hectares está sob a suspeita de serem grilados. Na região norte, mais especificamente Amazonas, Pará e Amapá, o número de cadastros cancelados pelo INCRA é de:
AMAPÁ                                                     813.978 ha
PARÁ                                                       20.817.483 ha
AMAZÔNAS                                             22.779.586 ha

A grilagem acontece em todo o país, mas com o enfoque nas regiões citadas, podemos expor alguns casos bastante conhecidos:
 No Amazonas, 55 milhões de hectares estão sob a suspeita de terem seus registros fraudados. Dezoito milhões desses registros já foram cancelados.
No Pará, nove milhões de hectares foram descobertos apenas em nome de Carlos Medeiros, que era uma pessoa fictícia criada pelos portugueses Manoel Joaquim Pereira e Manoel Fernandes de Souza.
No Amapá, por sua vez, 65.793 hectares de terras constituem apenas a área da Fazenda Itapoã, que originalmente sequer possuía 10.000 hectares.
Estes são alguns dos muitos casos no Estado sobre a prática, atualmente o perfil dos praticantes deste crime tem mudado, já não são as grandes empresas estrangeiras que se apossam de terras públicas, mas sim grandes empresários do ramo agropecuário que atuam dentro do Brasil.
Atualmente, a CPT (Comissão Pastoral da Terra) é quem atua dentro do Estado do Amapá em combate contra as práticas de grilagem e tantas outras contra os homens do campo. A equipe da Pastoral sofre atualmente com a escassez de recursos financeiros e de apoio voluntário. O padre Cisto Magro, que representa a CPT no Estado, explica um pouco sobre como funciona o trabalho da Pastoral em relação aos pequenos proprietários que sofrem com as práticas de grilagem no Amapá:
“O pequeno agricultor de uma hora para outra é atingido por uma liminar de despejo e não sabe nem o que está acontecendo”. Ele continua: “Nosso pequeno agricultor se encontra exposto a estas ordens de despejo, então eles nos procuram e nós oferecemos orientação jurídica, levamos até a defensoria agrária e vemos o que pode ser feito para tentar salvar esses trabalhadores do campo”.
O Amapá encontra-se como uma nova vítima de grilagem no Brasil, apesar de já acontecer a muito tempo, o Estado vem ganhando um novo olhar daqueles que realizam a prática, atraindo estes empresários e empresas com suas terras sem títulos e uma política de facilitação de sua estadia aqui.