segunda-feira, 4 de maio de 2015

Demora no funcionamento de nova maternidade prejudica Hospital da Mulher



Saúde pública materno-infantil

Enquanto a maternidade da zona norte passa por readequações, o hospital da mulher mãe luzia sofre com superlotação
Por Cindy Medeiros
Com a obra aparentemente pronta, a Maternidade de Risco Habitual localizada na zona norte de Macapá, ainda não foi inaugurada. Lançada em 2013, a construção da maternidade a princípio foi destinada apenas para mães sem riscos de gravidez, com capacidade para 20 leitos, 8 consultórios e berçário. Porém a obra teve que passar por reformas para atingir outros serviços, além de prestar auxílios apenas para mulheres sem complicações na hora de ter o bebê. Mas conforme os dias passam, mais a dificuldade de prestar um atendimento eficaz cresce no Hospital da Mulher Mãe Luzia, até então a única maternidade ativa da capital. Diariamente, médicos e enfermeiros precisam dar conta do enorme número de casos que aparecem no hospital.
Segundo o Ministério da Saúde, é preciso ampliar o número de leitos obstétricos de acordo com a necessidade da população de uma região. O que não aconteceu com a Maternidade Mãe Luzia, existente desde 1953, que não acompanhou o crescimento demográfico da cidade. Além disso, não há como humanizar as instalações presentes no ambiente que futuramente ainda irá passar por uma ampliação. De acordo com a diretora da instituição, Nirce Carvalho, é muito importante o funcionamento da nova maternidade de Risco Habitual devido ao número de habitantes que tem em Macapá. “Nós somos a única maternidade de referência de Macapá; precisaria de pelo menos 500 leitos para atingir a demanda”, ressalta.
Para a autônoma Nilva Maria Ramos, de 36 anos, foi uma dificuldade imensa conseguir o nascimento de seu bebê. Com uma gravidez de risco, e depois de três tentativas ao ir à maternidade, a amapaense teve que realizar todo o trabalho de parto em uma cadeira de rodas, devido não haver mais lugar para o possível parto. “Me mandaram sempre embora, mas quando foi a última vez não aguentei chegar na sala de parto e acabei tendo na cadeira de rodas”, relata a mãe da pequena Valentina.
Já a cidadã amapaense Márcia Silva, de 41 anos, o caso foi diferente. Mas o problema não deixa de ser o mesmo. Depois de ter descoberto em uma consulta da perda de seu bebê, Márcia precisou fazer a devida curetagem. Porém, teve que esperar duas noites dividindo uma maca com outra mulher que estava também no aguardo de atendimento, sendo raramente examinada e medicada.
De acordo com a diretoria geral da maternidade Mãe Luzia, há apenas 142 leitos distribuídos nos setores de obstetrícia, ginecologia, berçário e tratamento. Com o impedimento de atender toda a demanda que se encontra na organização, a nova instituição com um número de leitos maior precisaria equilibrar a superlotação que existe no Hospital da Mulher. Mas enquanto há a paralisação do funcionamento da maternidade, o hospital mãe luzia precisa lhe dar com as dificuldades que existem no atendimento à paciente. “A maternidade de risco habitual foi destinada para pacientes de parto normal, mas mesmo sendo normal de uma hora para outra ele pode modificar em cirúrgico. É por isso que a maternidade da zona norte ainda não foi inaugurada, devido a construção de um centro cirúrgico”, ressalta a diretora Nirce Carvalho.
Importância da nova maternidade para Rede Cegonha
A Rede Cegonha é um programa nacional que visa realizar uma organização da assistência ao parto e ao nascimento, ela prevê que atue em 4 componentes básicos: qualificação do pré-natal; parto nascimento; puerpério e apoio sanitário e regulação de leitos. Essa estratégia tem como objetivo a importância da saúde materno-infantil. Para os integrantes do programa, é imprescindível a presença da nova Maternidade na cidade, pois é necessário ter o devido cuidado com a saúde da mulher grávida e adiante um nascimento e crescimento saudável à criança.   
Segundo o especialista enfermeiro obstetra e integrante da Rede Cegonha, Ronaldo Sarges, com a nova instituição à capital se espera não só um atendimento eficiente à mulher, mas ao recém-nascido e também ao seu acompanhante. “É necessário ainda ter mais maternidades em pontos estratégicos da cidade. A maternidade da zona norte irá amenizar o problema mas não solucionará a demanda que nós temos”, acrescenta.
“Como diz o médico francês Michel Odent, para mudar o mundo é preciso mudar o jeito de nascer. Qualificar e ampliar a assistência pré-natal, humanizar o auxílio ao parto, garantindo boas práticas baseado em evidências científicas, a presença da família em uma ambiência adequada ao parto”, finaliza Ronaldo.


sexta-feira, 1 de maio de 2015

Lava-jatos e poluição dos lençóis freáticos: uma questão de saúde pública




A falta de saneamento básico na cidade Macapá é responsável pela poluição dos lençóis freáticos e oferece perigo à saúde da população
A questão dos estabelecimentos de lavagem de carros vai muito além do desperdício abundante de água. Em uma lavagem de carros, além de lama, retiram-se graxa, gasolina, sabão e óleos oriundos de possíveis vazamentos ou de restos desses materiais que se aderem ao veículo, ao longo do tempo de uso.
Em ruas pavimentadas, a água com esses resíduos químicos escorre diretamente para o rio, áreas de ressacas, canais ou lagos, pois o asfalto é impermeabilizante, não permitindo o contato direto da mesma com o solo e, consequentemente, não ocorrendo absorção e infiltração da água. Já em vias não pavimentadas, logo que os resíduos chegam ao chão de terra, eles são absorvidos e começam a infiltrar.
O que chama atenção nessa problemática é um elemento químico proveniente da gasolina que é altamente cancerígeno, o chumbo; elemento que, provavelmente pode ser encontrado nas águas subterrâneas contaminadas da cidade. O Prof. Dr. Geólogo da Universidade Federal do Amapá, Valter Gama de Avelar, ressalta que “essa água contaminada dos lençóis freáticos chega às casas da população através dos poços amazonas - poços rasos de 5 ou 6 metros que retiram água da primeira camada do lençol”.
Segundo Valter Avelar, para solucionar o problema, “primeiramente nós temos que ter coleta seletiva, principalmente dos resíduos sólidos; e rede de esgoto, para que pelo menos, 50% dessa água seja levado para uma estação de tratamento”.
Portanto, como na cidade não tem rede de esgoto e coleta de resíduos sólidos para toda a população, entende-se que grande parte dos lava-jatos está poluindo de alguma forma os lençóis freáticos e como também não tem uma rede de abastecimento de água de qualidade e que chegue para toda a cidade, as pessoas se veem obrigadas a cavar poços em suas residências – muitos deles são poços amazonas, pois o custo é menor.

Taemã Oliveira de Lima, em 27 de março de 2015.
Para a Rádio São José FM de Macapá.