quinta-feira, 30 de abril de 2015

Universidades não se adaptam às novas regras do FIES e estudantes ficam sem financiamento



Ensino Superior Privado

IES aumentam mensalidade acima do teto permitido e perdem benefício do Governo Federal

Por Amanda Paiva
Erro M321: O limite de financiamento disponibilizado para esta IES está esgotado

As novas regras do FIES tornaram um pesadelo o sonho de muitos estudantes no Amapá. A vontade de ingressar em uma faculdade foi impedida pela inadimplência de algumas instituições no Estado que aumentaram a mensalidade acima da inflação e os alunos ou não puderam arcar com os custos ou perderam o financiamento do Governo Federal.
Estudantes tentam abrir novos contratos desde que o site do SisFIES passou a aceitar inscrições para o primeiro semestre. Mas não tem sido fácil. Há muitas reclamações de que a página trava e o sistema é muito lento, o que prejudica a continuidade no processo. Além disso, mensagens de erro surgem no início da página alegando que as faculdades não possuem mais vagas disponíveis.
            Yves Gurgel, 16, é um caso concreto desse problema. O jovem tentou iniciar o curso de Direito na Faculdade Estácio Seama contando com os possíveis benefícios do FIES. Após frequentar um mês de aula, teve que cancelar a matrícula porque não conseguiu o financiamento, mesmo após muitas tentativas. “Tentei tantas vezes que até já perdi as contas. Fiquei acordado várias madrugadas por achar que o acesso era menor, mas não deu certo. No final sempre dava erro e dizia que o limite estava esgotado”, desabafa o estudante.
            O mesmo acontece com Marcinéia Leal, 26, assistente administrativa em um escritório de advocacia, que pretendia cursar Direito na Faculdade Estácio Famap. Ela conta que o salário não é suficiente para pagar a mensalidade, então teria que recorrer ao FIES. No entanto, as falhas no site de inscrição são tantas que ela teve que desistir antes mesmo de começar o curso. Relata ainda que foi difícil até para conseguir a senha de acesso para o cadastro. E mesmo depois que conseguiu, não passou mais da fase que simulava o financiamento, porque a página fechava e voltava para a tela inicial.
            De acordo com Aloizio Mercadante, Ministro da Casa Civil, em entrevista coletiva transmitida pela TV NBR, é importante a medida de restrição ao valor das mensalidades adotado de acordo com os 6,41% referente ao cálculo da inflação, pois antes o reajuste era feito a partir da autonomia de cada universidade de ensino privado. Ou seja, a faculdade tinha total liberdade de mudar os preços, e os estudantes não percebiam a diferença disso, porque o pagamento da dívida é feito em parcelas muito pequenas durante dez anos ou mais.

Posicionamento

            Quando procuradas, as instituições Estácio Seama e Estácio Famap, afirmaram ter feito o ajuste das mensalidades acima do teto permitido, chegando aos 6,48%. Mas não sabem o número de vagas que foram disponibilizadas, nem a forma como houve essa distribuição. Desconhecem, ainda, se foi determinado de acordo com a faculdade como um todo ou por curso.
            A Diretora Geral da Faculdade Estácio Seama, Aline Búrigo, diz que é tudo novidade, nunca houve trava quanto ao valor do reajuste das matrículas e somente esse ano o MEC criou um teto que dá limitação. “O nosso valor foi de 6,48% e o Governo nesse ano acabou criando uma trava de 6,41%. Os novos critérios foram definidos ao longo do percurso, não foram previamente combinados, nem divulgados”, conclui.


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